Antes de começar a falar da partida, cabe aqui citar os 10 Mandamentos do Futebol Argentino, escrito por Juan Pablo Muñoz no alto do Monte Sinay nos idos de 1978:

1)    Machuque-se, paralise o jogo e atrapalhe o adversário sempre que possível;

2)    Segure a bola e faça cera (mesmo quando o jogo estiver empatado);

3)    Finja que não está nem aí pro resultado do jogo. Comece a pedir o encerramento da partida aos 30 minutos do segundo tempo e deixe o adversário furioso;

4)    Ao irritar-se com a habilidade do adversários, acerte-o com os pés, joelhos, punhos ou cotovelos, até que ele fique com raiva de você e tome atitudes ridículas e escandalosas que o mandem para o chuveiro mais cedo;

5)    Quando estiver perdido no ataque com a bola nos pés dentro da área, espere o zagueiro adversário chegar perto e cave um pênalti;

6)    Se estiver difícil fazer gol de dentro da área ou da intermediária não hesite. Chute de antes do meio campo;

7)    Em caso de vantagem mínima no placar, conduza a bola até a linha de fundo e fique por lá até que algum maluco adversário o atinja com um chute nas bolas e seja expulso da partida;

8)    Seu time está atrás no placar? Comece a berrar a cada gol marcado pelos seus companheiros, até que o time adversário comece a mandar você calar a boca.

9)    O jogo não acaba aos 45 do segundo tempo, mas sim aos 30 da primeira etapa, que é quando a cera deve passar a ser praticada.

10) Chute inocentemente o calcanhar de seu adversário a cada 3 minutos de jogo, até que ele fique puto com você e seja expulso.

 

A reprodução do maior clássico do futebol bi-campeão do mundo, foi como manda o figurino porteño: disputadíssima e deprimente.

Apesar do belo gol de pucheta de Filipo Love Fan, do chapéu aplicado pelo goleiro artilheiro Guilherme Ceni em Gutê e das peripécias de Rubirex Spitfire, o que se viu foi um jogo de baixíssimo nível técnico e muitas jogadas bisonhas.

De um lado se via um River Plate bem montado por Bruno Passarela, com um meio campo de muita técnica, mas tímido no ataque. Do outro, estava um Boca Juniors bastante ofensivo, empenhado e confuso na zaga, com o quinteto galáctico JP, JR, Rubirex, Puskas, e Gui Ceni.

Nenhum dos times conseguiu abrir vantagem durante toda a partida, que só foi decidida no final, com a vitória boquense por 16 a 14.

Pra quem gosta de passes errados, chutes tortos, goleiro batendo-roupa, cera, dribles despretensiosos, e outras jogadas típicas do futebol de nossos hermanos, foi um prato cheio. Mas pra este que vos escreve, admirador do futebol-arte, foi lamentável.

Tanto é, que prefiro encerrar por aqui.

Sem mais,

Jota Kfouri